Sobre o livro: 2023 / O Bolchevismo, como movimento messiânico quase religioso, teve como objetivo transformar radicalmente a sociedade e criar o paraíso na terra. Para se tornar um “homem novo”, cada um dos seus participantes teve que se fortalecer com a ajuda da ética comunista, compreender as suas falhas e superar as suas dúvidas. A prática chave do bolchevismo era a análise do próprio “eu” – o que Michel Foucault chamou de “hermenêutica comunista”. Falar sobre os próprios pensamentos e intenções, escrever autobiografias, cartas e diários - tudo isso pretendia dar a interpretação necessária da vida mental de uma pessoa, escondida do olhar externo. Halfin traça a poética dos documentos do ego bolchevique, mostrando como estes últimos incorporavam uma narrativa de movimento das trevas para a luz e da conversão a uma nova fé. Com o tempo, os julgamentos e discussões camaradas sobre os “pecados” dos membros do partido deram lugar a processos políticos reais nos quais os comunistas “errados”, especialmente os trotskistas, foram declarados contra-revolucionários. Combinando em sua pesquisa a análise de autobiografias com o estudo da psicologia e sociologia comunistas, bem como da política de autoaperfeiçoamento bolchevique, o autor mostra de forma convincente como se desenvolveram os pré-requisitos para o subsequente Grande Terror..